Sunday, June 24, 2007

Educação com conteúdo


Acabo de ler um livro fundamental: Left Back: a century of failed school reforms, de Diane Ravitch. A autora narra e analisa as aventuras das reformas educacionais acontecidas nos últimos cento e cinquenta anos nos EUA. O foco principal do livro é uma crítica ao escolanovismo, um ideário pedagógico ainda hegemônico. Embora o estudo de Ravitch refira-se aos Estados Unidos, boa parte dos comentários que ela faz servem como uma luva para a educação no Brasil.
A Escola Nova, ao criticar o autoritarismo e outros males do ensino tradicional, jogou fora água, banheira e nenê. Jogou fora principalmente o conteúdo. Centrou tudo no aluno, inclusive o saber. Com isso, patrimônio comum da cultura humana deixou de ser riqueza que a escola deveria tentar repassar para as novas gerações. Hoje, travestido de (suposto) construtivismo, esse movimento continua. Se o aluno "não se interessar", conteúdos importantes ficam fora das cogitações escolares. E se alguém propõe ensino destes conteúdos, logo é lembrado de que a escolha é do aluno, não do professor ou de outros agentes da educação. As consequências desse script que atribui ao aluno todos os papéis ativos do aprender podem resultar em empobrecimento cultural, ignorância histórica, embrutecimento de boa parte da população, irracionalismo, anti-intelectualismo, diminuição de possibilidades de exercício da democracia etc.
Conservo aqui neste comentário o tom forte e polêmico que a Professora Diane Ravitch imprime a seu livro. Acho que vale a pena considerar tal crítica. A fé escolanovista, hoje recristianizada sob o rótulo de construtivismo, precisa ser contestada, pois ela empobrece a educação.
Dianne Ravitch realiza debates regulares com a educadora Deborah Meier por meio do blog Bridging Differences, mantido pela revista Education Week.

1 comment:

Andrea Toledo said...

Prof Jarbas, sabe que me coloquei a refletir sobre minhas atitudes diante deste comentário?! Sempre defendo que devemos aprender a ter prazer na busca do conhecimento. É muito mais fácil assimilar quando o conhecimento nos traz alegria. O problema é que não quero dizer que devemos aprender APENAS o que nos dá prazer. Principalmente quando o aluno ainda não tem maturidade para fazer escolhas tão complexas. Vou passar a ser mais criteriosa em minhas defesas para não correr o risco de ser mal interpretada. Passar por este blog é sempre uma inspiração. Parabéns por mais esta.
Beijo grande
Andrea